Santa Catarina registra mais de 18 mil lares homoafetivos, aponta censo do IBGE

Santa Catarina registra mais de 18 mil lares homoafetivos, aponta censo do IBGE

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No Brasil, o cenário familiar e demográfico está em transformação. Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (25), indicam que lares homoafetivos passaram de 59.957 para 391.080 desde 2010, um aumento de aproximadamente 552,27%.

Em Santa Catarina, são mais de 18 mil domicílios em que o responsável e o cônjuge são do mesmo sexo. Florianópolis lidera o estado com 2.842 desses lares, seguida por Joinville, Blumenau, e São José.

A visibilidade das famílias homoafetivas no Brasil e em Santa Catarina

A inclusão de lares homoafetivos no Censo pela primeira vez em 2010 permitiu que especialistas analisassem o impacto e a visibilidade dessas famílias no Brasil. A advogada e ativista de direitos LGBTQIA+, Gabriela Alves, destaca que esse aumento reflete avanços na aceitação e na inclusão das famílias homoafetivas. "Ter o reconhecimento formal no Censo é uma conquista. Isso reforça a necessidade de políticas públicas que atendam essa população, como questões de herança e benefícios previdenciários. Mas ainda precisamos de mais apoio e visibilidade", afirma Gabriela.

Para ela, a visibilidade é fundamental para garantir direitos e diminuir preconceitos: “Ainda há muitos desafios, mas o aumento de registros é um reflexo positivo do acolhimento gradual das famílias homoafetivas em todas as esferas sociais.”

A diversidade demográfica nas cidades de SC

Santa Catarina é um dos estados em que se observa essa diversidade demográfica, especialmente nas cidades mais populosas. Balneário Camboriú, Itajaí e Chapecó também se destacam pelo número expressivo de lares homoafetivos, refletindo uma tendência de aceitação e estruturação familiar baseada na igualdade de direitos.

O sociólogo Eduardo Figueiredo acredita que esses números refletem a movimentação econômica e cultural das cidades catarinenses. “Em regiões como Balneário Camboriú e Florianópolis, a convivência com turistas e uma economia mais diversificada facilitam a visibilidade de lares homoafetivos e outras configurações familiares que rompem o modelo tradicional.”

Mudanças no perfil das famílias brasileiras

Além do crescimento dos lares homoafetivos, o Censo 2022 revelou outras mudanças: houve um aumento de domicílios onde pessoas moram sozinhas, de casais sem filhos e uma redução de lares com filhos. A média de moradores por residência caiu de 3,3 para 2,8 desde 2010, e a porcentagem de mulheres responsáveis por domicílios atingiu pela primeira vez 50%, superando a tradicional posição de cônjuge.

Mariana Soares, pesquisadora de demografia, comenta que esses números são um reflexo de uma sociedade em evolução. “O país está envelhecendo, as pessoas estão buscando independência e planejamento familiar, e as mulheres, especialmente, têm mais autonomia financeira e liderança nos lares”, explica.

As implicações desses dados para políticas públicas e sociais

As transformações apontadas pelo Censo indicam que os governos e as instituições devem se adaptar para acompanhar essas mudanças sociais. Segundo a professora de políticas sociais Ana Paula Mendes, o aumento de lares homoafetivos demanda ações inclusivas nas áreas de saúde, educação e assistência social.

“É crucial que as políticas públicas atendam todas as configurações familiares, promovendo um atendimento igualitário e sensível às diferenças. Políticas de saúde e benefícios sociais precisam reconhecer as uniões homoafetivas sem restrições”, observa Ana Paula. Ela sugere que os municípios acompanhem esses dados para ajustar o suporte social e estrutural oferecido às diversas famílias.

As novas tendências e a percepção dos brasileiros

Para muitos, a mudança no perfil familiar e a visibilidade de lares homoafetivos têm um papel importante na quebra de preconceitos. Marcelo Santos, que vive em um lar homoafetivo em Florianópolis, acredita que o registro oficial de sua família é essencial. “Somos uma família como qualquer outra e agora estamos registrados pelo governo. Isso nos fortalece e dá segurança,” relata Marcelo.

Conclusão: uma sociedade em transformação

O crescimento dos lares homoafetivos e as novas configurações familiares representam mais do que simples números; são um reflexo de mudanças profundas nas relações sociais e na percepção dos brasileiros sobre o que constitui uma família. Para especialistas, essas transformações apontam para a necessidade de uma sociedade mais inclusiva e de políticas públicas que reconheçam e respeitem a diversidade, fortalecendo direitos e promovendo a igualdade para todos.

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