Trajetória Inesquecível de Silvio Santos: Do Camelô ao Ícone da TV Brasileira

Trajetória Inesquecível de Silvio Santos: Do Camelô ao Ícone da TV Brasileira

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De camelô a empresário de sucesso, o apresentador fez história ao criar o SBT, revolucionando a cultura dos programas de auditório no Brasil.

Silvio Santos, nome inestimável na televisão e um marco na história do Brasil, faleceu neste sábado, aos 93 anos, em São Paulo.

O apresentador foi vítima de uma broncopneumonia, que se agravou após uma gripe causada pelo vírus H1N1.

Considerado um dos maiores ícones da TV nacional, Silvio Santos deixa um legado incomparável, marcado por sua ousadia e capacidade de encantar o público. Entre seus maiores talentos, destacam-se sua simpatia inigualável e sua habilidade singular de conduzir espetáculos.

É impossível falar sobre a televisão brasileira sem mencionar Silvio Santos, o camelô que se tornou um dos empresários mais bem-sucedidos do país.

Com um carisma insubstituível, o primogênito de seis filhos de pais judeus fundou o SBT em 1981.

A emissora logo se consolidou como vice-líder de audiência, atrás apenas da Globo, oferecendo uma programação diversificada, voltada tanto para o público infantil quanto para a família.

O Programa Silvio Santos, com seus auditórios lotados, tornou-se sua marca registrada. Entre todos os apresentadores da história da TV brasileira, Silvio foi o que melhor adaptou o modelo americano de programas de sucesso para a realidade nacional, tocando diretamente o coração dos brasileiros.

O país, assim, se despede de uma figura insubstituível que, sem dúvida, jamais será esquecida.

De Filho de Imigrantes a Lenda da Televisão

Imagem: Silvio Santos na infância, foto cedida na mostra “Silvio Santos Vem Aí” do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, 2016.

Nascido na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, com o nome de Senor Abravanel, Silvio era filho de Alberto Abravanel (1897-1976), comerciante de Tessalônica, Grécia, e de Rebeca Caro, imigrante da Turquia, que vieram para o Brasil em 1924.

A trajetória de Silvio, de vendedor ambulante a maior apresentador de TV do país, é impressionante. Aos 14 anos, ele começou a trabalhar como camelô nas ruas do Rio, vendendo canetas e outros pequenos artigos, como capas para título de eleitor.

Durante suas vendas, um fiscal da prefeitura percebeu seu talento e o convidou para um teste na então Rádio Guanabara (atual Rádio Bandeirantes do Rio de Janeiro). Mesmo aprovado, Silvio continuou trabalhando como camelô, onde ganhava melhor.

Embora tenha se alistado no Exército, ele nunca cumpriu o serviço militar, dedicando-se inteiramente à carreira de locutor, começando por uma rádio em Niterói.

A Construção do Império de Silvio Santos

Silvio Santos mudou-se para São Paulo aos 20 anos, em 1950. Na capital paulista, ele comandou circos, trabalhou como animador de espetáculos e caravanas de artistas. Sua estreia na TV ocorreu em 2 de junho de 1963, na TV Paulista, com o Programa Silvio Santos, um programa de auditório que rapidamente se tornou um sucesso, com quadros de jogos, namoro e uma plateia composta majoritariamente por mulheres.

Silvio Santos popularizou o hábito de assistir TV aos domingos, ampliando gradualmente o tempo de exibição de seu programa e diversificando os gêneros apresentados.

Naquela época, as emissoras de TV não trabalhavam com exclusividade, e Silvio comprava horários na grade de programação de diversas emissoras, incluindo a Globo e a TV Tupi. Em 1958, Silvio comprou o Baú da Felicidade de seu amigo Manuel de Nóbrega (1913-1976). Esse empreendimento, que envolvia a venda de carnês mensais que podiam ser trocados por prêmios, contribuiu significativamente para o crescimento de sua fortuna.

[Imagem: Silvio Santos nos bastidores de seu Show de Calouros nos anos 70.]

O SBT apostava em uma programação voltada para o público das classes C e D, com conteúdos sensacionalistas, como programas de auditório, policiais e novelas dramáticas. Nos anos 1990, a emissora viveu seu auge com atrações como Domingo Legal (apresentado por Gugu Liberato), Passa ou Repassa, Fantasia e Em Nome do Amor.

Imagem: Silvio Santos, candidato do PMB à presidência da República – 06/11/1989.

Durante a ditadura militar instaurada em 1964, programas de auditório foram proibidos pela censura do AI-5, forçando as emissoras a demitir apresentadores sensacionalistas.

Entretanto, Silvio Santos não foi afetado, pois ele não era contratado pela Rede Globo, mas sim um cliente que permaneceu no ar até 1976, quando seu contrato se encerrou. Grande negociador, Silvio obteve a concessão de um canal de TV que se tornaria o SBT, concedida por João Figueiredo (1918-1999), o último presidente do regime militar.

Em gratidão, o SBT exibia o polêmico quadro Semana do Presidente, que exaltava as ações dos militares no governo. Silvio recebeu a concessão do canal 11 do Rio de Janeiro, antiga TVS, que passou a ter exibição nacional pelo canal 4 da TV aberta, sendo batizada oficialmente de SBT.

A popularidade do SBT levou Silvio Santos a se aventurar na política, candidatando-se à presidência em 1988, mas sua candidatura foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral. O lado político de Silvio Santos nunca deixou de ser ativo. Desde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até Jair Bolsonaro (PL), Silvio sempre manteve uma relação cordial com os presidentes brasileiros.

Na juventude, Silvio foi casado com Maria Aparecida Vieira Abravanel, a Cidinha, mãe de Cíntia e com quem adotou Silvia. Para manter a imagem de galã na TV, Silvio escondia sua esposa e omitia o casamento, conquistando as telespectadoras e participantes de suas plateias. Cidinha faleceu em 1977, vítima de câncer.

No ano seguinte, Silvio casou-se com Íris Abravanel, com quem viveu até o fim de sua vida. Dessa união nasceram Daniela, Patricia, Rebeca e Renata. Todas as filhas trabalham no SBT e, agora, são as responsáveis por dar continuidade ao legado do pai.

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