Referência no espiritismo e na ação humanitária, médium dedicou a vida à caridade e à educação.

Faleceu nesta terça-feira (13), em Salvador (BA), o médium e educador Divaldo Franco, aos 98 anos. Segundo nota oficial da Mansão do Caminho, instituição fundada por ele, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

Legenda: Médium e educador Divaldo Franco. | Imagem Arquivo pessoal - Divulgação

Divaldo enfrentava problemas de saúde desde 2023, incluindo um câncer de bexiga, diagnosticado em novembro do ano passado.

O velório será realizado nesta quarta-feira (14), no Ginásio da Mansão do Caminho, das 9h às 20h. O enterro está marcado para quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, no bairro Nova Brasília, em Salvador.

Saúde fragilizada nos últimos meses

Após o diagnóstico do câncer, Divaldo seguiu o tratamento em casa, com alguns períodos de internação. Em abril, chegou a entrar em remissão, mas sofria com dificuldades na absorção de nutrientes, necessitando de sonda alimentar. Apesar disso, permaneceu lúcido até o fim.

Vida marcada pela mediunidade e pela superação

Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana (BA), Divaldo foi o caçula de 12 irmãos. Desde a infância, teve experiências mediúnicas intensas, muitas vezes incompreendidas pela família e por colegas de escola. Chegou a ser considerado “anormal” por médicos e patrões, mas seguiu firme em sua trajetória espiritual.

Sua conexão com o espiritismo se aprofundou após a morte do irmão José, em 1944. Paralisado por meses, foi curado por uma médium, Dona Naná, que identificou a presença do espírito do irmão. A partir dali, Divaldo passou a se dedicar integralmente à doutrina espírita.

Fundador da Mansão do Caminho

Ao lado do amigo Nilson de Souza Pereira, fundou em 1947 o Centro Espírita Caminho da Redenção. Em 1956, transferiu-se para o bairro Pau da Lima, onde fundou a Mansão do Caminho – hoje, um dos maiores complexos sociais do Brasil, com 50 edificações em 80 mil m².

O espaço abriga escolas, creches, cursos profissionalizantes, panificadora, centro médico e abrigo para crianças em situação de vulnerabilidade.

Mais de 35 mil crianças e jovens já passaram pelas salas de aula da instituição, que conta com cerca de 300 funcionários e 400 voluntários.

Prolífico autor e propagador do espiritismo

Divaldo Franco psicografou mais de 250 livros, traduzidos para mais de 15 idiomas, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos.

Entre os espíritos com quem mantinha contato estavam Joanna de Ângelis, Amélia Rodrigues, Anália Franco e Bezerra de Menezes.

Com conferências realizadas em mais de 60 países, Divaldo foi um dos maiores divulgadores do espiritismo no mundo. Era constantemente comparado a Chico Xavier, de quem foi amigo próximo, mas sempre evitava ser colocado como sucessor: “Pra mim, ele é um grande mestre. Não me sinto um continuador do trabalho dele, mas me sinto como alguém envolto, como ele, da propaganda do espiritismo”, disse em entrevista.

Legado

Divaldo Franco deixa um legado de compaixão, fé, e compromisso com a educação e o acolhimento de quem mais precisa. Sua obra permanece viva na Mansão do Caminho e nos corações de milhões de pessoas alcançadas por sua palavra e por seu exemplo.