CCJ da Câmara aprova PEC que proíbe aborto, inclusive nos casos autorizados por lei

CCJ da Câmara aprova PEC que proíbe aborto, inclusive nos casos autorizados por lei

CCJ da Câmara aprova PEC que reconhece o direito à vida desde a concepção, podendo proibir o aborto legal no Brasil. Proposta segue para análise de comissão especial e plenário, gerando intensos debates e divisões no Congresso.

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (27), por 35 votos a 15, a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 164/12. A PEC propõe que o direito à vida seja reconhecido desde a concepção, o que pode levar à proibição do aborto em todas as circunstâncias atualmente permitidas por lei no Brasil.

Com a aprovação na CCJ, a proposta segue agora para análise de uma comissão especial que será criada para debater o tema. Caso seja aprovada nessa etapa, o texto precisará de 308 votos favoráveis no plenário da Câmara dos Deputados para avançar. Depois disso, ainda será necessário passar pelo crivo do Senado Federal.

Mudança na Constituição

Embora a Constituição Federal já assegure o direito à vida, ela não define o momento em que esse direito começa. A PEC busca incluir no texto constitucional a expressão "desde a concepção", o que implicaria na proibição do aborto mesmo nas hipóteses atualmente permitidas:

  • Risco de vida para a gestante;
  • Gravidez resultante de estupro;
  • Anencefalia fetal.

A relatora da PEC, deputada Chris Tonietto (PL-RJ), defendeu que o reconhecimento da vida desde a concepção é um “fato científico”. Segundo Tonietto, a ausência dessa expressão no texto constitucional de 1988 ocorreu por ser considerada redundante à época.

Controvérsias e críticas

A proposta gerou intensos debates na Câmara e protestos entre parlamentares e manifestantes. A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) alertou que a PEC pode inviabilizar avanços científicos, como pesquisas com células-tronco, e considerou o projeto um retrocesso. Já o deputado Bacelar (PV-BA) classificou a PEC como inconstitucional, alegando que ela viola direitos fundamentais e princípios da dignidade da pessoa humana.

Durante a votação, manifestações contrárias ocorreram no plenário, com frases como “criança não é mãe, estuprador não é pai”. Em resposta, a presidente da CCJ, deputada Caroline de Toni (PL-SC), restringiu o acesso ao local, permitindo a entrada apenas de parlamentares, servidores e jornalistas.

Próximos passos

O texto agora enfrentará um longo processo legislativo, sujeito a debates, emendas e alterações. Caso a PEC chegue ao plenário e seja aprovada, poderá representar uma mudança profunda na legislação brasileira, afetando políticas públicas de saúde, direitos individuais e pesquisas científicas.

O debate permanece acirrado, dividindo opiniões no Congresso e na sociedade brasileira.

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